sexta-feira, 4 de junho de 2010

Henry, o arqueólogo, na Copa

Nosso bom e velho herói acordou desesperado, às onze da manhã, quando recebia um telefonema. Fora sorteado num concurso da Rádio Arqueologia, ganhando uma viagem para a África do Sul com tudo pago, para assistir aos jogos da Copa do Mundo Fifa de Futebol 2010 ®. De acordo com os organizadores do concurso, o amado arqueólogo seria recepcionado por Monifa Lambibi, dono da Rádio Arqueologia africana, e passaria todo o mês acompanhado por ele e seus familiares, dormindo num hotel cinco estrelas em Joanesburgo.

Chegando à África, Henry desceu do avião trajando uniforme arqueólogo verde e amarelo, dançando e apitando, enquanto balançava uma bandeira brasileira, ao som de Ivete Sangalo; sem reparar que os alto-falantes anunciavam, em todas as línguas, a morte do diretor do aeroporto. Um silêncio sem precedentes e o arqueólogo dançante caminhando em meio à multidão, sorrindo para todos e dizendo para que não se preocupassem, pois, apesar de torcerem para a seleção africana, a Copa do Mundo Fifa de Futebol 2010 ® seria divertidíssima.

Monifa acompanhou o gentil arqueólogo até o hotel, no centro da cidade. Contava de seus feitos e planos, como a brilhante idéia de montar um parque temático da Disney no país.

No capítulo 112, parágrafo 17 do pequeno manual de bolso do arqueólogo, havia algo sobre parques temáticos na África e a maldição de Rastanibi. Henry escutou às idéias do bom dono de rádio, mas preocupado com o mal que isso poderia trazer à tona durante os dias de competição.

Rastanibi era um deus poderoso, famoso por mostrar duas portas às suas vítimas antes de suas mortes, através das quais podem encontrar a salvação ou eterna dor, angústia e desespero.

Tendo em mente o quão idiota era a idéia do velho, Henry não deu muita atenção e curtiu ao máximo a primeira semana, hospedado no Java Hotel.

Na semana seguinte à sua chegada à África, Monifa apareceu para conversar com Henry, acompanhado de uma bela jovem de pele clara, olhar inocente e de coração pequeno tal qual o de um coelho. Era Branca de Neve. O dono da Rádio Arqueologia africana dizia ser ela seu primeiro investimento no parque temático que estava por vir, sem imaginar o que realmente estava por vir.

Logo na manhã do dia seguinte, o céu amanheceu roxo e criaturas negras africanas vagavam pelas ruas do país, matando inocentes e comendo seus corações. Henry não via tanta dor e sofrimento desde seus dias na antiga Citadel, consumida pelas chamas.

Só lhe restavam três fósforos na pequena caixinha que levara consigo para a viagem, mas, acreditava, era mais que o suficiente. O próximo passo seria seguir para as ruínas da pirâmide subterrânea de Rastanibi, no nordeste sul-africano. Monifa conseguiu um helicóptero e partiram os dois e Branca de Neve, rumo ao ponto chave da calamidade, onde destruiriam todo esse mal.

A pirâmide de Rastanibi era a segunda maior do mundo, de acordo com o manual arqueólogo. Enquanto sobrevoavam a grande estrutura, observavam que de lá nasciam mais e mais criaturas negras que se espalhavam por todo o país causando dor, angústia e desespero.

Logo na entrada da estrutura haviam duas portas, sendo que uma levaria à morte e a outra ao interior do grande prédio. Sem explicar isso, Henry pediu para que Monifa abrisse uma e Branca de Neve à outra. Ficou aguardando, de longe, o resultado e, pimba, deu Monifa! O corpo dele começou a pegar fogo enquanto pequenos basiliscos comiam sua carne assada. Henry e Branca de Neve seguiram pirâmide adentro.

Uma placa situada logo à entrada explicava sobre as três fases pelas quais passariam até alcançar o quarto de Rastanibi. Primeiro a sala da habilidade, em seguida a sala da coragem e, por último, a sala da escolha.

A primeira sala era gigantesca, repleta de diamantes por todos os cantos e mini-basilicos caminhando pelo chão. Havia uma placa que dizia: “Mustafa mustafa bumba pumba matata”, que significa: “Aqueles sem habilidades de combate morrerão nas mãos dos mini-basiliscos cultivados somente aqui, nessa região da África”. Assim que leu a última palavra, todas criaturas da sala começaram a emitir sons altíssimos e olhares furiosos contra Branca de Neve e nosso nada hábil herói. Henry acendeu um de seus fósforos e começou a pensar no que poderia fazer, no que uma das criaturas já mordia um de seus dedos da mão esquerda. O fogo não tinha nenhum efeito contra as criaturas e Branca de Neve já chorava de dor, angústia e desespero, enquanto seu corpo estava tomado por criaturas. Seria o fim de nosso herói?

De repente uma das portas da entrada da pirâmide começou a ser fortemente forçada, como se uma criatura gigantesca viesse para terminar o que os mini-basiliscos começaram. As paredes se destroçaram enquanto, através delas, dando um triplo mortal duplo invertido, numa bicicleta que pegou emprestada com Mickey, que pedia emprego pelas ruas de Joanesburgo, surigia Robinho! O brasileiro chegou socando as criaturas e destruindo todos os monstrinhos heroicamente através de suas habilidades únicas de bicicleta. Pela entrada da pirâmide também surgiam Dunga e Grafite, que gritavam para o jogador pedalar, enquanto matava à horda de mini-basiliscos. Agora, em cinco, partiriam para a sala seguinte, o quarto da coragem.

Os recém chegados contaram um pouco sobre o caos que estavam as ruas do país, com pessoas mortas por todos os lados e os jogos cancelados. Eram os únicos sobreviventes de toda a seleção brasileira.

A sala da coragem era triste e vazia, havia apenas uma placa, que dizia: “Hulele gunana mawiki hakuna”, que significa: “Cuidado”. Um buraco enorme, sem precedentes, abriu no chão e Branca de Neve despencou, rumo a um lago de sangue, repleto de crocodilos azuis. Henry correu até a porta seguinte, lamentando a morte da jovem princesa, para traduzir as escrituras nela impressas. De acordo com elas, bastava girar a maçaneta e seguir adiante. Henry, Grafite e Robinho se preparavam para partir, mas Dunga interferiu. Não deixaria Branca de Neve para trás.

O técnico da seleção saltou dentro do grande abismo de sangue onde Branca de Neve se afogava em meio aos crocodilos. Destruiu a todos, com suas habilidades únicas, guardadas em segredo desde o último feito heróico, em 94’ e salvou à jovem princesa. Partiram assim, em segurança, os cinco, para a sala seguinte.

O quarto da escolha. Fazia frio. Podia-se escutar alguns gritos de desespero e as vozes de deuses africanos vindo da sala seguinte, certamente o quarto de Rastanibi. O quarto da escolha era repleto de tochas em fogo ardente, enquanto alguns poucos raios de sol ousavam atravessar algumas frestas no telhado. Não havia nada ali além de duas portas e uma placa, que dizia: “Auê auê munfa nenê munfa munfa malibu”, que significa: “Aqui é o estágio final para o encontro com o grande deus, Rastanibi, que habita esse lugar. Somente os fortes de bom coração e a escolha certa os levará ao quarto seguinte”.
 
Henry explicou aos forasteiros que as portas lhe dariam duas escolhas e que a escolha certa salvaria todo o mundo. A escolha errada levaria suas vidas embora para sempre. Robinho, corajosamente, quis ser o primeiro a se aproximar da porta, pois tinha o sonho de ser herói. Ao aproximar-se, as duas portas começaram a tomar um tom azul enquanto apareciam, lentamente, os dizeres "Manchester" e "Santos". Robinho olhou, pensativo, para as grandes portas e caminhou até a porta do Santos. Ao toca-la seu corpo foi tomado por mini-basiliscos e sua alma tragada para o inferno enquanto gritava de dor, angústia e desespero.
Os outros quatro presentes engoliam a seco a imagem que acabavam de presenciar. Branca de Neve quis ser a próxima, levando em consideração que não tinha feito nada pra agradar ninguém desde o princípio dessa história. Ao aproximar-se das portas gigantes, essas começaram a tomar o mesmo tom azul enquanto surgiam, lentamente, os dizeres "Príncipe" e "Dunga". O técnico da seleção deu um leve sorriso, sem graça. A jovem princesa não pensou duas vezes e agarrou a porta do Príncipe. Foi cercada por mini-basiliscos e sufocada por uma maçã. Dor, angústia e desespero enquanto tragada para o inferno.
Os demais presentes temiam o que estava por vir. Era a salvação do mundo em suas mãos. Dunga quis ser o próximo. Foi caminhando rumo às portas, enquanto pensava: “Bem feito praquela putinha... Bem feito, desgraçada...”. As portas tomaram o mesmo tom azul e surgiram, grandiosos, na porta esquerda, os dizeres "Neymar ou Adriano" e, na porta direita, "Grafite". Bem, o restante nós já sabemos. Dor, angústia e desespero, enquanto Grafite observa sem remorsos.

Henry e Grafite eram os únicos sobreviventes. Henry disse que seria o próximo, mas Grafite o segurou. Disse que agora era questão de honra e partiu rumo às portas. Se fosse para morrer, queria morrer feito um herói. Olhava, com lágrimas nos olhos e o batimento cardíaco acelerado, pensando na dor dos companheiros e no destino da nação africana, enquanto, passo após passo, se aproximava das portas que decidiriam sua vida. O tempo parecia parado naquele momento. Nosso herói arqueólogo olhava, de longe, apreensivo, enquanto o azul mortal formava as palavras que decidiriam o destino do atacante. As palavras eram "0.5" e "0.7".

Durante quase dez minutos o bom atacante permaneceu frente à porta, aguardando a decisão que salvaria o mundo. Pensou na família, na Copa do Mundo Fifa de Futebol 2010 ®, nos amigos, no pré-conceito e no quanto ele seria inútil nessa história caso a porta não se abrisse. Tocou a porta 0.7 e ela se abriu.

Henry e o bom atacante partiram juntos para a sala final, onde se encontrariam com Rastanibi. Era uma sala grande, repleta de ouro. Emitia sons assustadores e altos de pessoas sendo mortas, enquanto telas de plasma Full HD mostravam os melhores momentos da matança sul-africana. No fundo da sala, o sarcófago da criatura. O bom e velho arqueólogo acendeu um de seus fósforos e partiu rumo à tumba do monstro, xingou-o e tacou fogo. Antes disso devia ter lido a placa ao lado da criatura, que dizia: “Munfa matuta mokana kunteta”, que significa: “Se tacar fogo é porque não tem medo do perigo. O desafiante somente. Essa sala é x1”. Grafite começou a pegar fogo e foi rodeado de mini-basiliscos sedentos por carne assada. Aos poucos o sarcófago flamejante de Rastanibi se abria e Henry se preparava para o combate final.

O monstro era humanóide, ainda usava o corpo do faraó Rastanibi, porém era gigantesco. Henry tinha somente um último palito de fósforo e a esperança de vencer a criatura em nome dos sacrifícios feitos naquele lugar sagrado.

Henry riscou seu último palito de esperança e começou o combate que decidiria o destino da terra. Os ataques de Rastanibi eram precisos, machucando bastante o nosso doce herói. Por vezes Henry pensou em desistir, mas resistiu, escapando dos socos e bolas de fogo lançados pela criatura. Durante mais de uma hora permaneceram lutando, Henry esperando a oportunidade certa para utilizar de seu último palito aceso, que já lhe queimava os dedos. Por fim, após esquivar-se, heroicamente, de um dos ataques da criatura, Henry conseguiu enfiar o fósforo aceso estômago do monstro adentro. Foi um show de luzes, com imagens em alta definição nas TVs que transmitiam o combate. O mundo estava salvo.

FIM

Henry doou o tesouro de Rastanibi para uma instituição africana de caridade e construiu o parque temático africano da Disney, com a principal atração, a Tumba de Dunga e Branca de Neve.

FIM [2]

Ainda assim sobrou dinheiro para ele comprar uma mansão e um carro esporte de última geração, além de ter levado o bando de TVs Full HD da tumba do faraó, através das quais assistiria a Copa do Mundo Fifa de Futebol 2014 ®.

FIM

6 comentários:

  1. meio grande ? essa poha é imensa ( tenho até medo de começar a ler e me arrepender !) HUASHUAHS'


    @vii_A7x

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  2. Hulele gunana mawiki hakuna (cuidado) com a preguiça, @vii_A7x! HAHAHAHAH. ADOREEEEI.. Ri horrores! Você é muito criativo, B! PARABÉNS ;D

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  3. HUHAHSUAHSUSA.. muito bom B!
    Rí muito!!

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  4. como “Auê auê munfa nenê munfa munfa malibu”, pode significar: “Aqui é o estágio final para o encontro com o grande deus, Rastanibi, que habita esse lugar. Somente os fortes de bom coração e a escolha certa os levará ao quarto seguinte”?????????????????????

    de onde vc tira essas esquisitisses? não pode falar nada de mim... rs

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  5. "e, pimba, deu Monifa!"
    puta que pariu
    chorei d rir aqui
    ehuheuheheu

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  6. Como um palito pode ficar aceso por uma hora?
    Esse cara só pode ser o Magayver (sei lá como se escreve)...
    AAAaaaaa! Malditos basiliscos sedentos de sangue, isso me lembrou o filme da "Múmia"

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