terça-feira, 1 de junho de 2010

Fila, frio e paciência

Hoje foi um dia de extremo desafio físico e mental.

Como alguns poucos devem saber, passei essa madrugada em pé numa fila (não me perguntem para que) num frio glacial e suportando pessoas de níveis intelectuais que beiravam o zero, dizendo frases que, eu sentia, me emburravam (deixar mais burro).
Tudo começou quando, às três e meia da manhã, eu tive a brilhante idéia de sair de casa pra pegar essa maldita fila. Me encasaquei todo mas o frio era maior. Caminhei Minha Cidade adentro com os dentes tremendo, o corpo tremendo, a alma tremendo e sem esperanças de sobreviver a esse desafio mortal.

Chegando ao local, vi que sete pessoas formavam a tal fila gigantesca de que todos falavam, feliz da vida já que eu seria o oitavo. Vale contar que cheguei ao tal lugar às quatro da manhã pra ser atendido às oito e meia. Creiam! Esse tipo de tortura existe em nosso país.

A música que pensei em levar pra passar o tempo - FAIL - Mp3 descarregado, o livro que pensei em levar pra ler - FAIL - esqueci de comprar. Enfim, fui pra lá com meu poeminha, um papel, uma caneta e torcendo para que minha cabeça trabalhasse em alguma idéia que posteriormente se tornaria um post para esse blog que vocês lêem. Mas nada. Por vezes pensei em desistir.

A princípio era um silêncio sem precedentes, com o tormento de olhar para o relógio e perceber que cada minuto demorava dois para passar e faltavam três horas para o maldito do atendimento começar. Eu estava calmo, mas o pior estava por vir.

Determinado momento da noite, um garoto começou a falar. Tinha 21 anos, pensava como alguém de 15 e tinha a capacidade única de me tirar do sério sem me dirigir a palavra uma vez sequer.

Algumas poucas frases que ouvi e anotei durante essa noite especial:

"Fulana canta bem quanto? Dois tenores?"
"A prova da polícia é muito fácil. Eu não passei por preguiça."
"E eu estava estudando pra prova da faculdade federal, por isso não passei pra polícia."
"Quando um policial passar aqui vou dar um tapa na cara dele pra ele enxergar a sacanagem que é essa fila"
Quando fulano disse que outro fulano morava no Rio, mas não lembrava onde: "Na Barra?"
"Menina feia passa longe de mim" E as bonitas passam perto?
"Minha última namorada me trocou por um careca 30 anos mais velho que ela"
"Não gosto de whisky. Só bebo conhaque!" falou tirando onda
"Acho que o sol tá gelado hoje, por isso tá frio"
"Minha prima é milionária, me chamou pra morar com ela, mas eu não quis" Muitos risos nessa hora.

Bem... só um resumo do que eu suportei. Sem contar o fato de que ele se sentia melhor que todos, mesmo com todos deixando visível o quão pior que todos ele era; sem contar o fato de que às oito da manhã eu não resolvi nada naquela fila; sem contar o fato de que eu fui embora pra casa, com pernas moídas, cabeça doendo, manco e desajeitado, acompanhado por esse cara!

É o que eu chamo de felicidade!


B Diário - O dia a dia do B como você nunca viu!

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