segunda-feira, 17 de março de 2014

Neve

Faz frio
e o mundo sem você é vazio
Meus passos ecoam na imensidão
e as batidas do coração entoam notas de dor
Me falta agora o amor
Tua proteção

E no deserto em meio à multidão estou sozinho
Sem carinho ou esperança
Uma criança que não tem pra onde correr
e observa o mundo se desfazer
feito o destino aos poucos se apagasse
ao passo que a sua imagem se desfaz no horizonte
E não há conselho que me aponte
ponte sem risco de desabar

E ainda guardo alguns sorrisos
Pelas moedas, pelo abrigo
Quem sabe um dia algum amigo
Possa do frio me livrar

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Remakes. Sim ou não? - Parte II: Castlevania

Seguindo adiante com medíocre atraso vergonhoso, agora é hora de falar do super clássico game de caça ao vampiro mais famoso da história, Castlevania!!!

Te prepara.

O game original de 1986, foi lançado com o título de Akumajou Dracula, que na tradução dá algo semelhante a Castelo Demoníaco do Drácula. Castlevania possui uma das storylines mais extensas e embaralhadas que eu conheço e uma quantidade massiva de títulos lançados:

1986: Vampire Killer
1987: Castlevania
1988: Castlevania II: Simon’s Quest
1988: Haunted Castle
1989: The Castlevania Adventure
1990: Castlevania III: Dracula's Curse
1991: Super Castlevania IV
1991: Castlevania II: Belmont's Revenge
1993: Dracula X: Rondo of Blood
1994: Castlevania: Bloodlines
1995: Castlevania: Dracula X
1997: Castlevania: Symphony Of The Night
1997: Castlevania Legends
1998: Dracula X: Nocturne In The Moonlight
1999: Castlevania 64
1999: Castlevania: Legacy of Darkness
2001: Castlevania Chronicles
2001: Castlevania: Circle of the Moon
2002: Castlevania: Harmony of Dissonance
2003: Castlevania: Aria of Sorrow
2003: Castlevania: Lament of Innocence
2005: Castlevania: Dawn of Sorrow
2005: Castlevania: Curse of Darkness
2006: Castlevania: Portrait of Ruin
2007: Castlevania: The Dracula X Chronicles
2007: Castlevania: Order of Shadows
2008: Castlevania: Order of Ecclesia
2008: Castlevania Judgment
2009: Castlevania: The Arcade
2010: Castlevania: Lords of Shadow
2010: Castlevania Adventure ReBirth
2010: Castlevania Harmony of Despair

Com exceção do recente Lords of Shadow, todos os outros 31 títulos citados acima, pertencem a uma única linha do tempo, que narra a história dos Belmont e histórias diretamente ligadas aos mesmos. Os títulos não seguem ordem cronológica, o que torna ainda menos prático entender todo o decorrer da coisa. Creio que dominar todo o contexto histórico de Castlevania é tarefa para nerds de nível mais avançado que o meu.

A série possui alguns títulos de renome, como o Simon's Quest, que ainda na década de 80 apresentou elementos de exploração consagrados por títulos como Metroid e o próprio Castlevania Symphony of The Night, considerado por muitos como uma obra prima da franquia. Também o primeiro título, o qual apresentou o grande Trevor Belmont.

Eu me sinto um tanto leigo ao tratar do assunto, visto que apenas joguei sete dos mais de trinta títulos lançados. Mas o ponto chave da postagem é tratar do Lords of Shadow, que é uma inovação do estilo remake, lançado em 2010.

Devido a essa grande bagunça na linha do tempo da história, parece que a Konami decidiu por jogar tudo o que já existiu num buraco do passado e recontar os acontecimentos, alterando totalmente o decorrer dos fatos, numa licença poética que somente a própria poderia se dar.

Castlevania Lords of Shadow inovou tudo o que fora a série até então, apresentando sob o comando do novo protagonista Gabriel Belmont, uma nova descrição dos fatos que existiam até então. O novo game recontou do zero o decorrer da saga, alterando acontecimentos, nomes, parentescos dos personagens e até a identidade do Drácula.

O que impressiona em Lords of Shadow é que a nova história conseguiu surpreender os mais assíduos fãs da saga, que andava bem caída, por sinal; e foi muito bem aceita pelos novos jogadores de Castlevania. Nota-se no decorrer do jogo que tudo foi moldado com maestria, afim de agradar aos mais exigentes. E a nova história parece mais fluída e segue num ritmo mais palpável.

A Konami entrega ao mercado, no próximo dia 5 de março, o primeiro sucessor da nova trama, o game Castlevania Lords of Shadow: Mirror of Fate, para o portátil 3DS, da Nintendo. Os desenvolvedores trarão de volta os três maiores heróis da franquia; Trevor Belmont, Simon Belmont e Alucard, porém pouco sabe-se sobre quem ou o que eles são nesse novo game, uma vez que a história é outra, mas com os mesmos personagens.

Sabe-se que Mirror of Fate não é muito mais do que um aperitivo do que será Lords of Shadow 2, previsto para esse ano de 2013, se não me engano.

Então, fica no ar a dúvida: esse novo modo de fazer um remake, alterando história, relações e iniciando tudo do zero, é válido ou ofensivo aos fãs da trama?

P.S.: Eu sou muito a favor de um remake de Castlevania Symphony of The Night. Nunca vi um game com tantos itens e exploração 2D!

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5ª TEMPORADA!!!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Remakes. Sim ou não? - Parte I: Resident Evil

Como todo mundo que já viveu alguma certa quantidade de anos de vida, bem sabemos que o saudosismo começa a nos aflorar conforme os anos vão se passando. E uma maneira bem bacana de relembrar o passado sem que a regra dos 15 anos nos obrigue a rever gráficos toscos e piadas atrasadas, nos chateando, é através de releituras do que se passou. Eu poderia citar filmes, adaptações e teatro; mas o ponto chave da discussão que quero abrir é relacionado a uma arte um tanto contemporânea demais, que é a indústria dos games.


Se pararmos pra pensar, já fazem cerca de três décadas que estamos aí com nossos consoles, e o que um dia esteve um tanto relacionado a um hobby ou passatempo, hoje se fez uma indústria e fonte de arrecadações bilionárias. Games passaram a ter roteiro, sonoplastia, direção de imagem, conceitos de física,  matemática, computação e uma caralhada de coisas que seria um tanto complexo eu me inteirar de detalhes.

O ponto em que quero chegar está totalmente ligado à parte de roteiros de vídeo game, citar alguns que possuem mais de década de continuidade, e apontar o porque de remakes serem tão necessários nos dias atuais. Para isso, eu sou obrigado a utilizar de universos que possuo algum domínio e para isso escolhi os seguintes games:

- Resident Evil
- Castlevania
- Tomb Raider
- Final Fantasy
- Super Mario Bros.

Em cinco postagens, pretendo ressaltar o porque de cada um desses games terem sido ou precisarem ser readaptados, começando por aqui, com o clássico Survival Horror de 1996. Resident Evil.

Resident Evil

A série de vídeo game que incendiou na mente de muitos adolescentes o anseio pelo apocalipse zumbi completa 17 anos de existência nesse ano, com um rol de games imenso, uma franquia de cinema que deixa a desejar, outra franquia de filmes escondida no submundo nerd e uma história que vem se perdendo com o tempo (meu ponto de vista, que fique claro). Vamos lá:

1996: Resident Evil
1998: Resident Evil 2
1999: Resident Evil 3: Nemesis
2000: Resident Evil Code: Veronica
2002: Resident Evil Zero
2005: Resident Evil 4
2009: Resident Evil 5
2012: Resident Evil Revelations
2012: Resident Evil 6

Esses são só os games que compõem a trama principal da série. Temos ainda a série Survivor, os dois Outbreaks, The Umbrella Chronicles, The Darkside Chronicles, Operation Raccon City, uma caralhada de games pra celular, mais alguns que esqueci de citar e o Remake, que é o ponto que quero destacar.

Resident Evil Remake, lançado pra Nintendo Game Cube, em 2002; foi uma sacada genial da Capcom. O game não se destacou muito na época, talvez devido ao próprio Game Cube, que foi um console tímido no mercado daquela época. Em dois cds e sem delongas, o cenário clássico da mansão Spencer foi totalmente remoldado, os túneis subterrâneos e o laboratório secreto da Umbrella reconstruídos de maneira ímpar, com um toque sombrio digno de um Survival Horror de nível, com uma qualidade gráfica poética. O game contou com novos cenários, quebra-cabeças, desafios, bosses e jogabilidade, sem que perdesse a essência do jogo original, e contava com nada mais nada menos que DEZ finais diferentes. Ligeiramente diferentes, confesso, mas diferentes.

Era a primeira vez na vida que eu via um game ser relançado e isso abriu minha mente para um universo de imaginações.

Apesar de toda a atenção dos fãs da trama naquela época ser bastante voltada para os sucessores 2 e 3, os mais saudosistas (isso em 2002) sem dúvidas tiveram espasmos de euforia ao jogar esse grande game. Eu, por acaso, tive o prazer de termina-lo duas vezes no ano passado e recomendo.

Hoje, dezessete anos após o primeiro game, a série segue adiante, mas o seu público alvo não é exatamente o mesmo. Eu mesmo abandonei a trama no dia em que vi o Leon com uma franja emo e uma espingarda com mira a laser atirando em malucos espanhóis que tapavam machadinhas. Mas tenho consciência de que um novo legado de fãs surgiu a partir de Resident Evil 4, e é provavelmente o público que alimenta a produção da franquia atual. Quem sou eu pra julgar certo e errado nesse caso? Mas penso, sim, que a série se traiu com o tempo.

Resident Evil 6 é repleto de referências aos games antigos e conta com a presença ilustre de Sherry Birkin (nunca imaginei que a veria de novo). Garanto que mais de 70% da galera que joga esses novos jogos não faz ideia de quem seja essa personagem, e eu não estou aqui pra chamar ninguém de "poser", como a internet adora ressaltar. São os novos fãs, do que a nova série se tornou. Fãs do Leon, e não do Chris. São esses caras que mantêm a chama de Resident Evil acesa, e graças a eles a obra de arte que é o "sexto" game está aí.

Observação: Você tem que ser muito freak para, com doze anos de idade, em pleno ano de 2013, caçar um PlayStation pra jogar os primeiros Resident Evil, eu te entendo, criança da atualidade.

Mas a Capcom notou que possui fiéis um tanto perdidos no que diz respeito à sua trama de zumbis e ouvi boatos de que um remake de Resident Evil 2 está por vir (aplausos). Isso é grandioso! É magnífico! É necessário. Uma história como essa não pode se perder assim, com o tempo, e um remake desses seria um link com o passado de proporções inimagináveis.

Tenho esperanças de que o Leon não venha como um super soldado de destruição em massa, afinal ele nada mais era que um recém contratado do RPD, na época. Quero muito ver que ideias eles terão pra um novo game desses, quinze anos depois do lançamento do original. Seria muito épico um único game que agradasse os saudosistas e os novos gamers. Você acha isso possível?



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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

B DIÁRIO DE VOLTA E ISSO SIGNIFICA UM MONTE DE COISA BOA só que não!

Não sei bem se pessoas vão visitar isso aqui, mas o B Diário está de volta (aplausos)!



Uma galera nunca ouviu falar nisso, mas esse blogspot existe, pelo menos, desde de setembro de 2009, quando eu voltei com a segunda versão do mesmo, que era todo colorido e serelepe  Na época, falando sobre a Branca, a boneca que tinha acabado de ganhar quando deixei Carangola. A ideia era manter informado o povo que eu tinha deixado pra trás das novas coisas que estavam rolando na minha nova vida juiz de forana e, à minha maneira, permanecer perto dos amigos do peito.

Acho que foi um fracasso e fiquei meses postando baboseiras pra ninguém e causando confusão com o Interact na maior parte do tempo. Desculpa aí os ofendidos. Eu era mais inconsequente do que hoje. Amo vocês ♥.

Já faziam uns dias que eu vinha escrevendo no estilo diário através de um aplicativozinho de telefone, o Mini Diary, e eu tava me divertindo pacas. Todo dia relia uma lembrancinha e tudo estava bonito. Aí meu celular deu pau, restaurei o sistema e perdi tudo. Fiquei triste.

Nessa onda, eu visitei o B Diário um dia desses e notei que a sensação de rever lembranças do passado era bem parecida ou melhor por aqui. Talvez não com a mesma riqueza de detalhes, mas de uma forma massa. Daí resolvi voltar.

Vi que tinham uns errinhos de layout aqui e ali e dei uma consertada. Passou pela minha cabeça uma logo nova, mas sou fã dessa. E agora vou postar os links no Facebook, pra encher o saco da rede e quem sabe conseguir que algum ser humano leia o que eu penso.

Talvez eu retorne com os Posts Dedicados que acho uma ideia massa!

Não prometo postagens todo dia, mesmo porque a minha vida não é nenhum acontecimento diário, mas vou fazer o possível pra deixar todo o contexto daqui muito mais pessoal e amigável. Sem indiretas. Sem picuinhas, do jeito que eu sou hoje em dia, bom e agradável. De vez em quando pode ser que rolem umas depressões, mas só quando a crise estiver braba!

É isso aí, carai, bora voltar com essa porra em ritmo de festa!!!

Sugestões, elogios, críticas, ameaças e declarações de amor nos comentários, por favor!
Façam essa boa ação... T-T

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Alice


Era sexta-feira. Outra das minhas comuns manhãs banhadas pela preguiça. A última noite adiantando os artigos da editora me rendeu considerável preguiça. Minha vontade era levantar às três da tarde ou, quem sabe, ainda mais além. Passar o dia na cama talvez. Como eu costumava dizer aos meus amigos, era um ser noturno e a luz do dia nada mais me trazia além de desconforto. Independente da quantidade de vezes que eu disse isso à Alice, todo dia, às onze em ponto, ela invadia meu quarto e abria as cortinas. A luz do sol trazia um mal que era amplificado pela música alta e de péssimo gosto que aquela mulher escutava todas as manhãs.
Era uma rotina com a qual eu estava habituado. Ela, da mesma forma, já conhecia meu péssimo humor a cada abrir de cortina. Chegamos ao acordo de não discutirmos mais a respeito disso.
Ela trazia consigo a bandeja com café. Tinha sempre um sorriso no rosto e boa vontade incondicional. Era, sem sombra de dúvida, a melhor escolha que fizera em toda a minha vida. Amava aquela mulher. Estava, certamente, acordada desde as oito da manhã. Talvez mais cedo. Dispunha de uma animação considerável, à qual eu admirava sem nenhuma de inveja.
Contou-me sobre acontecimentos da manhã, fatos que vira na tv e na internet. O café, como de costume, estava saboroso. Ela sorria a cada elogio que fazia a seus dotes culinários. Um sorriso inocente, único, o qual jamais testemunhei semelhante em toda a vida. Olhava-me nos olhos, como se me admirasse tal qual eu a admirava a toda manhã. Enquanto recolhia a mesa, deu-me um beijo de bom dia e mostrou-me o terno e as chaves à minha espera. Tinha uma tarde de trabalho pela frente. Pilhas de papéis a apresentar e estresses a passar, quando minha única vontade era a de passar o dia ali, a seu lado, desfrutar do bom almoço que só ela sabia fazer, dos sorrisos que só ela sabia sorrir e histórias que contava, sempre a me fazer gargalhar. Bastava estar perto de Alice para que tudo me parecesse mais perfeito.
Almoçávamos juntos somente aos domingos. O meu costume de acordar tarde sempre foi um transtorno à nossa rotina, mas Alice entendia que eu precisava da paz que a madrugada me oferecia para que, de fato, produzisse algo de qualidade. Todo dia me acompanhava até o carro, fazia-me uma carícia e desejava um bom dia, despedindo-se com um beijo e um habitual “vai com Deus, meu anjo”, que me trazia paz ao volante.
Não era bom deixa-la só todo dia. Sabia que trabalhava demais durante todo o dia, até o momento em que eu chegava a casa; ela, a descansar sobre o sofá, e a casa abençoada pelo perfume que as mãos de fada de Alice espalhavam a cada cômodo que passava. Por vezes estava encolhida, a sentir frio, feito uma criança teimosa. Cobria-a com um lençol. Foram muitas as vezes que permaneci olhando-a a dormir. A beleza bem distribuída por cada um de seus traços, o respirar suave.
Quando acordava e me via em casa, dizia que cochilou só um pouco, após um filme chato. Fazia-lhe um cafuné e sorria, como que acreditando, ainda que a tivesse visto adormecida por horas adentro.
Com o chegar da noite, ela, sempre pontual, punha a mesa às dezenove e trinta. A cada anoitecer um jantar diferente, o mesmo sorriso que me oferecia pela manhã, a felicidade que só ela sabia me transmitir.
Após jantarmos, naquela noite, liguei o som com alguma música antiga e a chamei pra dançar. Ela hesitou por alguns minutos, mas logo cedeu. A batida leve guiava nossos passos desajeitados, enquanto eu sussurrava o quanto a amava. O quão ela era especial para mim. Podia sentir ao peito o gotejar de algumas lágrimas de satisfação, seguidas de elogio semelhante. Bebemos um bocado e gargalhamos ao sofá. Não tardou até ela cair, adormecida, ao meu colo. Podia sentir o imenso cansaço que carregava consigo após um dia de intenso trabalho. Peguei-a no colo e levei até a cama. Fazia leve frio naquela noite. Cobri-a com uma coberta leve e a observei por alguns segundos até apagar a luz. Deixei o quarto, silencioso, harmonizado pelo respirar suave de Alice.
O telefone tocou. Fui correndo em sua direção, torcendo para que o mesmo não a acordasse. Antes que o segundo toque se desse eu alcancei o gancho. Fui surpreendido pela voz do meu amor. Desejou-me boa noite. A voz trêmula, como se sentisse frio. Disse, por fim, que me esperava do lado de fora da casa. Corri na direção da porta e a abri. Lá estava ele, vestido tal qual um moleque em meio àquela noite fria. De bermuda e um tênis desamarrado, cobertos por uma blusa de frio e um capuz. Perguntou por Alice. Eu disse que já dormia, e ele entrou, beijando-me. Tivemos uma noite de profundo amor, ali mesmo, pela sala.
Um dia perfeito, eu diria.
Na manhã seguinte, às onze da manhã em ponto, a figura de Alice, irritada, abriu as cortinas do quarto, sem qualquer piedade. Perguntou a respeito da bagunça na sala, cobrando-me satisfações.  Quando expliquei, ela não mais que sorriu compreensiva. Deu-me o habitual beijo matinal e me observou comer. Parecia orgulhosa, percebia em seu rosto. Transparecia uma alegria incondicional cada vez que percebia que eu me sentia feliz. Seu sorriso destacava suas rugas e ela corava, escondendo a vergonha por trás dos cabelos brancos que colocava em frente aos olhos azuis escondidos por óculos já velhos. Alice era a mãe que nunca tive e eu o filho que ela sonhara ter. Éramos assim. Nos completávamos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Entrega

Depois de uma eternidade afastado do meu diário sem sentido, resolvi retornar e dividir esse poema que surgiu do nada, num dia que comecei a escrever as palavras que me surgiam, aleatórias, enquanto deixava minha sutil inspiração operar. Espero que gostem:





Haviam pássaros, haviam desejos, suspiros, passos e medo.
Haviam rostos, haviam Pedros, laços brandiam segredos.
E eu me vi nua, escrava tua, jogada no mar, feito âncora afogada.
As ondas no rosto, o som, os passos na estrada.
Me entrego. Sua voz seduz e de novo me entrego.
Não nego teus olhares, recebo a sedução, me renego.
É remédio que cura, é rua escura aguardando sua luz,
versando para lua os sonetos em cântico que encantam minha alma.
De novo me entrego, me jogo aos teus braços,
me perco, inerte em tua pele, gentil, que me recebe sem negativa.
Sou escrava, sou cativa, implicam nos versos verdade,
teu português sedutor, semântica e é romântica tua ironia,
singela romaria que enfrento a cada olhar dos teus nos dias meus.
Romantismo duro e frio, que repete por aí para com tuas várias outras.
Ainda assim me entrego.
Venero sua autoridade, de mestre, de imperador.
É fogo que me incendeia e sopro que me apaga.
É desejo finito que reflete em dor sem fim.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Eu e meu medo da morte

NÃO SEI BEM AINDA SE QUERIA QUE AS PESSOAS LESSEM A ISSO

Com o passar dos anos, diversas dores de cabeça me fizeram concluir que sou ateu e isso não tem volta. Não é a primeira das convicções que possuo que chocam ou magoam fortemente a meus pais, principalmente à minha mãe. Ainda assim, é mais uma certeza a qual não posso modificar.

Notei que o deus que rege a minha vida, do qual eu tenho profundo temor, é o tempo. Cruel, imparcial e frio, não há adoração que o faça mudar a maneira de determinar nossa vida. Como dizia Steve Jobs, no discurso em Stanford, a morte é uma das mais perfeitas criações. É ela que substitui o velho pelo novo e faz com que evoluamos. Mas como aceitar com serenidade uma sentença tão cruel como é a da substituição?

É fácil ter em mente o fato de que um aparelho eletrônico está velho e precisa ser substituído, uma mesa, um computador, e de repente o tempo surge com essa peça pregada em nossas caras: “Você está velho e precisa ser substituído”.

Não consigo conter o enorme temor que possuo da morte. Não consigo, por vezes, dormir e sentir meu coração bater enquanto me deito virado pra baixo. É difícil aceitar que algo tão pequeno rege nossa existência. Queria um dia na vida acordar com meu coração parado e eu vivo. Uma vez que a falsa sensação de eternidade me tomasse por completo, eu seria infinitamente feliz por aquele momento. E nesse aspecto eu sou bastante egoísta. Queria, sim, que todos que amo, ao meu redor perdurassem, mas, acima de tudo, queria eu ser eterno, independente de qualquer outro ser vivente.

Por mais que o tempo passasse, os outros passassem e isso me causasse imensa dor, simplesmente aceitar a morte ainda está fora de cogitação na minha cabeça. Procurei crenças no passado, procurei maneiras de me conformar com a ideia, mas não entra na minha cabeça e eu já não sei mais como agir.

Minhas crises existenciais têm dobrado de incidência. Estou aprendendo a controla-las, distraindo minha atenção, mas elas permanecem e eu sei que permanecem cada vez mais fortes. Sou de um egoísmo tão formado que não consigo creditar que haja psicólogo que possa me ajudar sem que ele tenha em mãos a fórmula da vida eterna.

Vejo todos os anos meus amigos e eu a aniversariar. Colegas do meu irmão, que vi crescer, andando com suas namoradas, se embriagando e alguns até mesmo me dando lições de vida. Meu próprio irmão, hoje com dezoito anos, não passou dos treze na minha cabeça.

Até quando eu vou permanecer me enganando? E como aceitar os fatos sem que eu fique maluco, como imagino que ficarei em breve? Não sei dimensionar o meu medo atual, mas ele ultrapassa toda e qualquer fobia da qual eu já escutei falar e dormir já não tem sido tão mais fácil cada vez que vejo que um dia inteiro dos meus sabem-se lá quantos se passou.

domingo, 19 de junho de 2011

O que fazer? TILT

Às vezes é bom abrir um documento de texto (antigamente abríamos diários, cadernos, etc) e escrever um pouco do que pensamos. Hoje, cumprindo a função original do meu B Diário, um pouco da minha vida.
Não sei o que deu em mim. Ando uma pessoa bem mais romântica do que meu habitual. Fico por aí imaginando vidas a dois, vendo filmes românticos, querendo dormir abraçadinho toda noite. Isso é muito estranho, porque eu me conheço e sei muito bem o quanto eu costumo ser superficial com relação a relacionamentos. Daí me vi num conflito entre meus dois lados. O romântico, predominante, e o superficial, que na minha cabeça é o certo.

Apesar de ser certo, eu sei que é errado ser superficial, mas eu não gosto de me deixar envolver. Não sei quem botou na minha cabeça que pessoas não são confiáveis. Por isso que vez ou outra eu me isolo da sociedade, no meu mundinho pessoal sem sentido. As pessoas que pensei serem intocáveis pela falta de confiança vão se perdendo, se mostrando cada vez menos dignas dessa tal confiança.

A conclusão é que ou somos obrigados a não confiar em ninguém ou a confiar em quem não confiamos. Necessidade estranha que temos de nos abrir. Penso que sentimentos são coisas grandes demais que a gente não consegue manter quietos dentro da gente. Todos têm uma vontade de gritar pro mundo o que está sentindo, as dores que tem passado, seu amor por alguém que provavelmente não vai te corresponder.

Dessa vez escutei um ‘eu te amo’ e não sei o que fazer, não soube o que responder, travei. Odeio ferir quem quer que pense estar me amando.

A vida é uma coisa muito complicada. Me perco nos meus pensamentos complexos demais.

Baseado em tudo o que pensei acima, consigo chegar a conclusão nenhuma. É necessário abrir um pedacinho do meu coração pra deixar alguém entrar, é meu erro natural ser dependente de alguém que se importe muito comigo, mas um monte de fatores permanece impedindo que eu o faça. Por isso eu permaneço buscando, penso amar aqui, gostar dali, apaixonar de lá, quando, na verdade, eu conheço bem o que foi um amor de verdade e até sentir algo semelhante, nada vai parecer bom o suficiente.

Eu sei que estou errado...

B Diário - O dia a dia do B como você nunca viu! - Temporada do drama

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ausência e preço

Filha, olhaste sem dó nos meus olhos
e expressara sem medo as palavras
que me cortaram o coração em retalhos
se espalharam pela imensidão que era o meu amor.

Revelaste ao pai, sem temor
um medo maior do que imaginara pudesse ter.
Enquanto seus doces lábios deslizavam, angelicais
dilaceravam, mortais, as palavras que reduziram meu sorriso
sincero, de pai, ao meu olhar severo de guardião
o qual não pudera oferecer suficiente proteção
a observar-te perdendo a cometer meus erros de dias passados.

Não fui pai o suficiente para lhe parar.
Talvez ausente, inexperiência que causou meu desespero.
Resta agora sua presença, fria e dura
sincero olhar de despreso, fúria
a doçura de filha minha que dizes não
à triste súplica de um pai a lhe pedir pão.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Espólito

Enquanto os dois mundos não mudarem
meu universo, simplório e irregular
se perderá num poço de medo
onde segredos transbordam e receios recordam
um passado sombrio que deixei pra trás

Seus olhos frios fitavam os meus
vazios, perdidos ao esvoaçar dos seus cabelos dourados
seus lábios molhados que um dia tocaram aos meus

Perco-me, encantado com seus carinhos
tua voz suave, seu jeito de ser
o modo gentil de me fazer feliz
sem me deixar esquecer do passado
das glórias pormenores que passei
dos passos apagados que deixei

No ouvido um suspiro gentil
o arrepio sutil, o sono ao teu lado
Perco meus sentidos cada vez que a olho
Uma dor estranha me consome
como se sua presença me transformasse
de dentro pra fora, agora é lágrima
outrora lástima, amanhã sorriso