segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Eu e meu medo da morte

NÃO SEI BEM AINDA SE QUERIA QUE AS PESSOAS LESSEM A ISSO

Com o passar dos anos, diversas dores de cabeça me fizeram concluir que sou ateu e isso não tem volta. Não é a primeira das convicções que possuo que chocam ou magoam fortemente a meus pais, principalmente à minha mãe. Ainda assim, é mais uma certeza a qual não posso modificar.

Notei que o deus que rege a minha vida, do qual eu tenho profundo temor, é o tempo. Cruel, imparcial e frio, não há adoração que o faça mudar a maneira de determinar nossa vida. Como dizia Steve Jobs, no discurso em Stanford, a morte é uma das mais perfeitas criações. É ela que substitui o velho pelo novo e faz com que evoluamos. Mas como aceitar com serenidade uma sentença tão cruel como é a da substituição?

É fácil ter em mente o fato de que um aparelho eletrônico está velho e precisa ser substituído, uma mesa, um computador, e de repente o tempo surge com essa peça pregada em nossas caras: “Você está velho e precisa ser substituído”.

Não consigo conter o enorme temor que possuo da morte. Não consigo, por vezes, dormir e sentir meu coração bater enquanto me deito virado pra baixo. É difícil aceitar que algo tão pequeno rege nossa existência. Queria um dia na vida acordar com meu coração parado e eu vivo. Uma vez que a falsa sensação de eternidade me tomasse por completo, eu seria infinitamente feliz por aquele momento. E nesse aspecto eu sou bastante egoísta. Queria, sim, que todos que amo, ao meu redor perdurassem, mas, acima de tudo, queria eu ser eterno, independente de qualquer outro ser vivente.

Por mais que o tempo passasse, os outros passassem e isso me causasse imensa dor, simplesmente aceitar a morte ainda está fora de cogitação na minha cabeça. Procurei crenças no passado, procurei maneiras de me conformar com a ideia, mas não entra na minha cabeça e eu já não sei mais como agir.

Minhas crises existenciais têm dobrado de incidência. Estou aprendendo a controla-las, distraindo minha atenção, mas elas permanecem e eu sei que permanecem cada vez mais fortes. Sou de um egoísmo tão formado que não consigo creditar que haja psicólogo que possa me ajudar sem que ele tenha em mãos a fórmula da vida eterna.

Vejo todos os anos meus amigos e eu a aniversariar. Colegas do meu irmão, que vi crescer, andando com suas namoradas, se embriagando e alguns até mesmo me dando lições de vida. Meu próprio irmão, hoje com dezoito anos, não passou dos treze na minha cabeça.

Até quando eu vou permanecer me enganando? E como aceitar os fatos sem que eu fique maluco, como imagino que ficarei em breve? Não sei dimensionar o meu medo atual, mas ele ultrapassa toda e qualquer fobia da qual eu já escutei falar e dormir já não tem sido tão mais fácil cada vez que vejo que um dia inteiro dos meus sabem-se lá quantos se passou.