segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Entrega

Depois de uma eternidade afastado do meu diário sem sentido, resolvi retornar e dividir esse poema que surgiu do nada, num dia que comecei a escrever as palavras que me surgiam, aleatórias, enquanto deixava minha sutil inspiração operar. Espero que gostem:





Haviam pássaros, haviam desejos, suspiros, passos e medo.
Haviam rostos, haviam Pedros, laços brandiam segredos.
E eu me vi nua, escrava tua, jogada no mar, feito âncora afogada.
As ondas no rosto, o som, os passos na estrada.
Me entrego. Sua voz seduz e de novo me entrego.
Não nego teus olhares, recebo a sedução, me renego.
É remédio que cura, é rua escura aguardando sua luz,
versando para lua os sonetos em cântico que encantam minha alma.
De novo me entrego, me jogo aos teus braços,
me perco, inerte em tua pele, gentil, que me recebe sem negativa.
Sou escrava, sou cativa, implicam nos versos verdade,
teu português sedutor, semântica e é romântica tua ironia,
singela romaria que enfrento a cada olhar dos teus nos dias meus.
Romantismo duro e frio, que repete por aí para com tuas várias outras.
Ainda assim me entrego.
Venero sua autoridade, de mestre, de imperador.
É fogo que me incendeia e sopro que me apaga.
É desejo finito que reflete em dor sem fim.