sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Henry e o Tempo - Post III - Um novo presente





NO ÚLTIMO EPISÓDIO DE HENRY

“Emma Tefnet e Anúbis conseguiram se livrar do arqueólogo, aprisionando-o no profundo sarcófago da pirâmide de Shu, deus do ar, aquele que matava a fome. Com a ajuda de Moisés, Henry conseguiu escapar, mas não a tempo de impedir o casamento dos deuses da Enéade. Assim, Emma concluiu seu plano maléfico e retornou ao tempo presente enquanto Henry e Moisés lutavam com Anúbis. Terminado o duro combate, nossos heróis retornaram também ao presente para impedir a conclusão das perversidades de Tefnet.”
Era uma bela manhã de chuva intensa, quando Henry e Moisés terminaram de ver bolinhas coloridas e vomitar. Emma Tefnet, no novo presente, era reconhecida como deusa da escravidão, aquela que matava o povo. Por todos os lados haviam estátuas em honra ao nome da tirana. As ruas estavam arruinadas, repletas de lixo, corpos e vermes.

O velho Moisa estava espantado com o futuro que estava por vir e Henry preocupado com o que poderia ter ocorrido à Central Arqueóloga. Partiu ele e o velho barbudo rumo ao edifício onde nosso herói costumava trabalhar. Em meio ao cenário sombrio daquele futuro tão desesperador, o prédio da Central Arqueóloga estava arruinado, mas ainda de pé, esquecido em meio ao caos.

O interior da estrutura estava totalmente escuro, iluminado vez ou outra por raios que caíam do lado de fora e pela pequena chama dos fósforos de Henry. Podia-se ouvir o som de máquinas em funcionamento vindo do subterrâneo. Moisés tremia de medo. Partiram, os dois, escadaria abaixo, rumo ao desconhecido. Por trás das diversas cortinas ensanguentadas e máquinas em funcionamento, o bom e velho arqueólogo deparou-se com J-Zus, o rapper. Outro barbudo maluco.

Henry perguntou ao figura sobre a situação atual do Egito e o cara contou essa história:

De acordo com ele, “milhares de anos atrás, um tal de Moisés prometeu atravessar um pessoal pro outro lado de um mar, porque ainda não tinham inventado navios decentes. O pai dele marcou de esperar o tal Moisés do outro lado, numa montanha ali perto, pra entregar umas tábuas ao cara, só que o cara deu um bolo no velho. Não atendeu mais e nem mandou recado. O pai dele entrou em depressão graças ao trauma que o tal Moisés o causou. Uns mil e poucos anos depois ele nasceu, o pai o abandonou com a mãe, que o mandou morrer pra salvar um povo lá. Ele fugiu de casa, da mãe psicótica que queria sua morte, mudou de identidade e agora, uns dois mil e poucos anos depois, ganha seu dinheiro na honestidade, como rapper. E ainda matou neguin que se meteu a besta traíra.”

Depois de contar essa história sem nexo, ele contou essa outra:

“Emma Tefnet era descendente da irmã gêmea e mulher de Shu, deus egípcio do ar, aquele que matava a fome; que voltou e que tinha cabeça de leoa, Tefnut, deusa egípcia da água, aquela que matava a fome (parei por aqui com essa encheção de linguiça...). Tefnut renovou seus poderes divinos ao unir-se novamente com Shu, seu irmão e ex-marido, dando plenos poderes à sua descendência. Agora, sua descendente Tefnet era a mais poderosa divindade ainda de pé por sobre a Terra.”

Moisés ergueu a mão e se apresentou. Henry e J-Zus deram um cascudo nele.

Horas mais tarde, os dois barbudos já eram melhores amigos. J-Zus também era milagreiro. Passaram toda a noite chuvosa brincando de quem fazia o vinho mais forte com a água da chuva (apesar de Moisés errar a mágica toda hora, fazendo sangue), enquanto faziam uns peixinhos fritos, usando uns pães velhos. Não demorou e caíram dormindo, de bêbados que estavam. Henry passou a noite pensando numa maneira de vencer a bandida que destruiu seu tempo. Até que também caiu no sono.

A Fortaleza da tirana Emma Tefnet ficava na parte central da cidade. Um centro tecnológico cercado por muralhas de estrondosa enormidade. Através do grande laço de amizade que fez com o velho Moisa, J-Zus decidiu seguir com nossos heróis rumo a essa emocionante batalha.

Através dos portões da fortaleza só passavam aqueles que tivessem cabeça de leão. O nosso mais novo herói teve uma idéia. Utilizando de poder milagreiro, J-Zus transfigurou-se e aos amigos, transformando-os em cabeça de leão. Assim, ultrapassaram o portão e adentraram a fortaleza. Era uma nova cidade dentro da cidade egípcia, repleta de carros e prédios.

Um alto-falante com a voz de Emma indicou a todos os moradores da fortaleza sobre a presença de intrusos. O modo de alerta estava ativado, robôs foram enviados para encontrá-los via radar e destruí-los, caso não se entregassem, dentro de cinco minutos.

Henry, Moisés e J-Zus pegaram um táxi, rumo ao edifício principal da fortaleza. Precisariam fazer o percurso em tempo recorde ou estariam mortos. Podiam ver robôs surgindo de todas as esquinas. Para o azar de nosso heróis, o taxista disse que não faria a viagem, que chamaria a policia, pois eles eram procurados. J-Zus arrancou uma coroa de espinhos do bolso e perguntou ao taxista se ele sabia o que era aquilo. O homem, assustado, disse que não sabia. O rapper deu um sorriso perverso e falou que faria cócegas no cérebro dele com aquilo se ele não pisasse no acelerador naquele momento. O homem não pensou duas vezes!

O carro partiu em disparada avenida adentro enquanto perseguido pela horda de robôs sanguinários. O tempo corria contra nossos heróis e, de repente, viram-se encurralados. Engarrafamento. O taxista começou a mijar nas calças e rezar. Não havia mais o que fazer. Até que o velho Moisa teve uma idéia. Desceu do táxi em oração, enquanto Henry e J-Zus permaneciam preocupados com a situação. Os robôs aproximavam-se mais e mais. A morte estava próxima. O presente que Henry vivera estava prestes a perecer, esquecido para sempre. Até que Moisés bateu o cajado no chão e deu um grito. Carros começaram a voar para as laterais da avenida, uns subindo por sobre os outros, explosões e pedestres atropelados, até que a avenida se abriu, dando passagem aos nossos heróis.

O táxi partiu acima do limite de velocidade rumo à fortaleza de Tefnet. Nossos heróis tinham um último minuto. Chegaram aos portões e se depararam com uma legião de soldados, mirando as armas em suas cabeças. Os robôs se aproximavam. Era o fim. J-Zus abriu os braços e gritou: “Pai! Por que me abandonaste?” Naquele momento a terra começou a tremer e o portão da fortaleza rachou em duas partes, por onde Henry e Moisés escaparam. J-Zus disse para que esperassem, três dias seria o suficiente. Após dizer isso foi metralhado pelos robôs da tirana Emma Tefnet. Henry, que não fez nada a história toda, corria rumo ao covil da bandida, tendo a certeza de que seu amigo seria vingado no próximo capítulo.


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