Meu Mundo

Detesto esse senso inabalável e por muitas vezes correto da sociedade de enxergar meu mundo como um mundo promíscuo, envolto em pecado e sedento por sexo; de enxergar minhas ações de amante, que muitas vezes sou e que dizem respeito só a mim e a um único envolvido, como um mal à humanidade.

De fato meu mundo é repleto de exemplos ruins, sendo que os bons exemplos muitas vezes estão escondidos por trás de uma máscara de bom samaritano, corretos aos olhos de deus. Escondem-se sim, e é medo o que os fazem permanecer na escuridão. Medo do olhar dos pais entristecidos, da falsa aceitação dos amigos e do ódio de uma sociedade a qual enxerga o “erro” alheio antes de calcular os seus.

Erro... Nunca me senti errando. É uma dádiva o dom de amar. É nada mais que uma troca de carinhos para com alguém que vive os mesmos anseios que eu. Que vive meu mundo. Mas por que alguém do mesmo sexo? Se eu tivesse o dom de escolher um dos lados dessa “opção”, eu certamente escolheria ser olhado por meus com orgulho, ser bem visto pela tão perfeita sociedade, escolheria andar de mãos dadas com quem eu amo, sem que eu seja uma atração; escolheria essa maneira tão mais prática de ser feliz, que é o outro mundo.

Eu não tenho ódio da sociedade, mas dos péssimos exemplos que meu mundo tem pra dar e que acabam por gerar uma visão errônea do mesmo. Acabam por criar a imagem do que os outros pensam que sou. Como todo ser humano, eu tenho meus anseios e desejos que merecem, por compaixão, eu diria, serem saciados.

Eu ainda sonho com meu doce escritor, com quem eu espero dividir essas indagações sem fim.