quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Diário da Noite

Olho para a janela e mais uma luz se apaga. É assim meu mundo. Vejo o mundo de todos se apagar e aos poucos meu mundo toma um ar sombrio, escuro, cercado por trevas incessantes que perduram até que a luz do sol indique-me a hora de descansar. De abandonar meu mundo, enquanto o mundo dos outros desperta, enquanto os olhos se abrem para encarar uma realidade que deixei pra trás.

Meu mundo não é triste. Não o olho com melancolia ou algum desespero que me motive a abandoná-lo, mas o mundo real, como chamam esse mundo que começa onde o meu termina, parece tão melhor. Tão fiel ao que julgo normal. Uma perfeição que não me pertence, que abandonei quando descobri que meus pensamentos fluem de acordo com o apagar dos demais. Ou não, quando sonham.

Há dias não me lembro de meus sonhos. Isso tem tornado meus dias mais rotineiros e a vida mais chata. Há dias não me stresso. Isso tem tornado meus dias mais calmos e monótonos. Há dias esqueci-me do que tinha que lembrar e mais um dia se foi, sem que eu pudesse escapar, por um segundo, da minha realidade faminta por minha solidão.

Em textos como esse, prefiro alcançar a linha final ciente que esqueci-me da primeira linha, para que não me arrependa e apague tudo, sem que possa dividir meus pensamentos num diário aberto ao mundo real.

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