quarta-feira, 21 de outubro de 2009

* Terapia da Vida (a vida num divã??)

POST DEDICADO: Criadordabranca


Morte

Dentre todos os dilemas da vida, sejam para o bem ou para o mal, há uma certeza, a qual é avaliada de acordo com alguns pontos de vista que serão apontados a seguir. Essa certeza é a de que, dada nossa condição de vivos, o destino não é outro senão a morte.

A vida representa um ciclo variável, o qual não se aplica somente à humanidade. Todo ser vivo nasce preparado para crescer, reproduzir-se e morrer. Dos três, apenas o terceiro representa uma certeza. Se encararmos ao pé da letra, a morte pode parecer algo ruim ou indesejado, mas é certo que as coisas não são bem assim.

Para que o ciclo da vida permaneça equilibrado ela é necessária. Não fosse a morte de animais e plantas, nós não nos alimentaríamos. Não fosse nossa morte, além da superpopulação e o fim dos mantimentos, outras séries de fatores iriam inclinar-nos à nossa extinção.

O universo, de maneira geral, é perfeitamente modelado para a manutenção da vida (a princípio, na Terra), portanto é inviável questionar certezas, como a morte.

Um dos sentimentos humanos mais perturbadores é o medo da morte. Há quem afirme que tal medo foi a pedra inicial sobre a qual se fundamentou a cultura. O medo de enfrentar esse momento acompanha o homem desde a infância. Um temor provocado por inúmeras dúvidas. Será que vai doer? Vou encontrar de novo com minha família? Existe vida após a morte?

Em todas as religiões a morte não representa o fim, a exemplo do cristianismo, em que a morte é uma passagem, uma transcrição para uma nova vida; ou o espiritismo e judaísmo, em que ela representa uma etapa na evolução do espírito.

Em resumo, cabe a nós viver e defender nossas crenças, até que a morte se encarregue de levar-nos ao destino que a ciência desconhece.


Homem e a Morte

O homem já estava deitado
Dentro da noite sem cor.
Ia adormecendo, e nisto
À porta um golpe soou.
Não era pancada forte.
Contudo, ele se assustou,
Pois nela uma qualquer coisa
De pressagio adivinhou.
Levantou-se e junto à porta
- Quem bate? Ele perguntou.
Sou eu, alguém lhe responde.
- Eu quem? Torna. – A Morte sou.
Um vulto que bem sabia
Pela mente lhe passou:
Esqueleto armado de foice
Que a mãe lhe um dia levou.
Guardou-se de abrir a porta,
Antes ao leito voltou,
E nele os membros gelados
Cobriu, hirto de pavor.
Mas a porta, manso, manso,
Se foi abrindo e deixou
Ver – uma mulher ou anjo?
Figura toda banhada
De suave luz interior.
A luz de quem nesta vida
Tudo viu, tudo perdoou.
Olhar inefável como
De quem ao peito o criou.
Sorriso igual ao da amada
Que amara com mais amor.
Tu és a Morte? Pergunta.
E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso
Do viver que te humilhou.
-Imaginava-te feia,
Pensava em ti com terror...
És mesmo a Morte? Ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou,
Mestra que jamais engana,
A tua amiga melhor.
E o Anjo foi-se aproximando,
A fronte do homem tocou,
Com infinita doçura
As magras mãos lhe cerrou...
Era o carinho inefável
De quem ao peito o criou.
Era a doçura da amada
Que amara com mais amor.

Manuel Bandeira

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