quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Labirinto



Olho adiante e vejo duas portas. Cansado. O labirinto de indagações e pecados pelo qual passei me feriu além do imaginado e eu ainda não encontrei bem uma saída, apesar de saber que estou bem próximo ao fim. Resta-me esta decisão final.

O medo de errar é tão grande. Medo de me perder novamente em meio à imensidão sem fim que são meus pensamentos impróprios. Medo de agir rumando para o arrependimento, em troca de uns medíocres minutos de emoções mais profundas. Medo de machucar um coração que só merece amor e de ferir meu coração, já chagado, com mais um espinho coberto por veneno.

Meu coração desacelera e sinto o pulsar das batidas em meu peito feito um tambor que estremece meus instintos. Tão lento que posso ouvir, detalhadamente, o correr de meu sangue através de minhas veias e pensar em milhares... não... milhões de coisas num único milésimo de segundo. Pareço um herói, eu diria se minha consciência ainda me pertencesse, tamanha a sensação desumana que me passa nesse instante que perdura no tempo e não pretende se afastar.

Por outro lado, posso correr rumo ao nada que é a segunda porta, onde não me entrego a amores, onde não me desespero por ferir a quem me ama, onde me esforço pra sobreviver a um tédio ainda maior que o que me corrói, onde enlouqueço aos poucos e mais um pouco, vítima dos meus próprios pensamentos e dos demônios que me cercam.

Estremeço ao perceber que só me resta a dor, que o fim do meu labirinto me carrega pra um calabouço de emoções das quais tento escapar enquanto vivo, se é que vivo os dias que passo a tremer, chorar e me desesperar, quando já me sinto morto, entregue aos corvos que me consomem todo dia sem temer me maltratar.

Até quando permaneço aqui olhando os dois destinos que me restam? A troco de que me mantenho parado, inerte, sentindo culpa por erros que não cometi?

Eu tranco as portas... Retorno a meu labirinto de indagações... Busco uma maneira fútil de me perder e oro para que nunca mais encontre saídas.

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