terça-feira, 19 de janeiro de 2010

27 de Dezembro

O post a seguir não tem muito sentido ou ligação com a realidade. Trata-se de um texto que escrevi no meu fiel caderninho. Nem tudo que escrevo lá tem sentido ou explicação.





Diário de um louco

Abri os olhos, assustado, ciente de que havia mais alguém dentro de meu quarto. Olhei ao redor e o vi, sentado num canto, tremendo de medo tal qual eu deveria estar. Era gigante e magro, envolto numa espécie de cobertor rasgado. Tinha o rosto deformado, negro tal qual a noite, mas seu olhar indefeso transmitia um ar infantil capaz de me comover.

Permaneci em minha cama, sem reação. Não fui capaz, até então, de deixar nem ao menos um suspiro meu ecoar pelo silêncio que fazia em meu quarto. O observava enquanto era observado. As vozes que ressoavam na minha mente foram, aos poucos, se silenciando; até que me vi, finalmente, só. Temeria quem quer que se aproximasse, mas não o ser gigante e assustador, que não tirava os olhos de mim.

Levantei, ergui os braços na direção do meu invasor, que tratou de mostrar suas mãos, também gigantescas, esqueléticas e, por fim, frias como a morte.

A porta do meu quarto se abriu. Minha mãe me olhava, ainda sonolenta, sem entender bem o que acontecia. Ela não o enxergava, percebi. Foi quando concluí o nível de minha loucura. Soltei sua mão, deixei minha mãe, ainda confusa, pela porta, e fugi, rua afora.

Caminhava em meio à madrugada silenciado, assustado e desordenado. Chovia. Os sons não soavam direito e eu me sentia perdido num silêncio infinito. Onde estavam as vozes?

De repente, me vi num bar, junto de um amigo. Não me recordo de ações ou palavras, mas de um pedido que se repetia: "Se mate".

Fui embora, ainda sob a chuva. Me sentei num canto isolado da cidade deixei que o tempo corresse, esperando pelas vozes que me abandonaram. Nada veio.

Abri os olhos, minutos depois, assustado, e o vi, gigante, magro, envolto numa capa negra e rasgada, vindo na minha direção.

Acordei, na manhã seguinte, tremendo de frio, envolto num cobertor gélido e rasgado, deitado ao lado de um ser gigante, magro e negro como a noite.

Desde então não sou o mesmo.

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