segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fim de semana sentimental - Parte I - Família

Esse fim de semana decidi, levando em consideração circunstâncias favoráveis, fazer uma rápida visita a meus pais, na pequena Carangola (que é maior do que a cidade que moro). Logo pela manhã, quando adentrei minha casa, esperava um fim de semana solitário, com poucos amigos e pouca programação, sem esperar que o nível de emoções pelas quais passaria naqueles dois dias seriam tão intensas tais quais foram.

No primeiro dia conseguimos tirar meu irmão viciado em computador de casa. Tivemos uma manhã divertida e sem comida. Fomos ao supermercado, onde deixamos nosso espírito de vandalismo aflorar um pouco. Nos divertimos carregando pencas de coisas desnecessárias, atropelando pessoas com o carrinho, zoando com o cabo da vassoura na frente do carrinho, comendo quase todas as amostras de tudo que havia por lá e rindo demais. Eu e meu julgamento natural provavelmente teríamos uma impressão ruim acerca disso tudo, mas foi um momento tão familiar, brincando com meu irmão de um jeito que não fazia a tanto tempo, que uma gota dos sentimentos que se passavam por mim no passado e que eu pensava estarem mortos foi renascendo. Eu observava toda aquela maluquisse no supermercado como a coisa mais legal do mundo, enquanto meu pai não entendia muito bem nossas idiotisses, mas da mesma forma admirava àquela situação de união que por tanto tempo não víamos. Eu, meu pai e meu irmão, juntos, fazendo compras. Parece tão simples, mas tende a um valor que meras palavras não conseguem descrever.

Mais tarde, em casa, eu e meu irmão tentamos frustradamente gravar We May Fly Away, a música que compus esses dias, mas não deu em nada. Faltou equipamento. Nisso de cantar, tocar, tentar gravar, surgiu, do nada, a música João e Maria, do Chico Buarque. Cantei um pedacinho, minha mãe escutou e começou a cantarolar pela casa. Simples até aí. Passaram uns segundos e lá estava ela, no computador, com um vídeo da música carregado, a letra na tela do computador e me chamando pra ouvir. Achei aquilo tão simples e tão completo pra mim. Minha mãe que nem se envolve muito com música, de repente, baixando músicas na internet porque eu gosto delas. Foi especial pra mim de um modo que ela mesma não deve ter percebido.

Ainda musicalmente, num momento de bebedês e silêncio em casa, meu pai resolveu escutar um pouco de Chico Buarque (Yes, de novo o Chico). Daí, ao som de Meu Guri, ele disse que sempre pensava em mim cada vez que a escutava. A letra fala a respeito do orgulho de um pai/mãe ao ver seu filho bem sucedido por ter “chegado lá”, cada palavra envolvida com um tom de pobreza, misturado a um intenso orgulho pelo filho; um toque de carinho tão grande nas palavras, que no fim desabei em lágrimas, sem que toda a minha vontade conseguisse conter minha emoção. Eu não sou de me emocionar a esse ponto e não gosto de demonstrar essas coisas. Por vezes choro nos cantos, contenho lágrimas, boto outra coisa na cabeça. Mas aos poucos aquele fim de semana foi me tomando de uma maneira tão profunda, que no fim restou o filho abraçado ao pai, comovido, prometendo um dia chegar lá, quem sabe um dia ouvi-lo a dizer “Olha aí, meu guri” com um orgulho que eu mereça mais que atualmente.

To Be Continued...

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