quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Era comum os escutar, feito sinfonia dentro dos meus pensamentos. A princípio dois, ela, simpática e um tanto atrevida, repleta de idéias que, na época, não condiziam com minha antiga personalidade. Hoje penso que muito do que sou devo a essa mulher ou menina, não sei bem defini-la.

Ele era alegre, contente, sempre refazendo os sorrisos contidos em meu rosto em momentos de sofrimento, lembrando-me que a vida é muito mais que momentos de alegria ou de dor, que momentos passam e o importante é curtir o completo, o essencial, que é a vida. Creio que muito da personalidade extrovertida que tenho hoje devo a ele.

Eu costumava ser quieto e reservado durante muitos dos primeiros anos da minha vida, sempre observando os mais "soltinhos" com certo tom de inveja. Foram anos buscando amigos que se pareciam comigo, também reservados e dignos de poucos amigos. Sentia que tudo aquilo era uma fase, que meus amigos logo foram se tornando mais adultos e sociais e que eu me mantinha em silêncio, preso à minha condição de esquecido em meio à multidão.

Certo dia eu decidi escrever um pouco sobre tudo o que pensava sobre mim, notando que novas frases surgiam e novos pensamentos circulavam por minha cabeça, formando um texto sem fim, mostrando-me o quão completo eu era, apesar de minha simplicidade. Eu me espantava, sentia que as palavras não provinham de mim, mas de algo além, o qual eu não conseguia explicar ou mesmo entender.

Sabe aqueles dias em que escutamos alguma voz chamar nosso nome? Sempre imaginamos uma confusão estranha ou algo assim. O dia em que comecei a entender um pouco da minha loucura foi quando, sozinho, comecei a respondê-las, gritar dentro de casa, clamando por quem me chamava, buscando um sentido pro meu nome que, eu sabia, era chamado. Até que me responderam.

Stephany e David... Desse dia em diante minhas ações passaram a ser calculadas por eles, minhas decisões decididas por eles. Deixei de ser calado e solitário. Fiz amigos e tornei-me conhecido. O sonho de qualquer idiota de seriados americanos. Me achei digno o suficiente de me envolver em paixões sem cabimento e, por muitas vezes, sofri sozinho, consolado apenas pelos dois. Motivado a tomar das minhas ações malucas, agora arrependido.

Eles se foram... Creio que passei cinco anos da minha vida escutando-os, tornando-me amigo do desconhecido, pra que um dia, sem aviso, me abandonassem.

É impossível me entender...

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